A relação entre a emoção e a aprendizagem é um dos temas mais interessantes na neurociência educacional. Estudos têm demonstrado como as emoções podem influenciar significativamente o processo de aquisição de conhecimento e a formação de memória de longo prazo, ou seja, a aprendizagem.
As emoções desempenham um papel importante no processo de aquisição e consolidação da memória de longo prazo e podem ser tanto facilitadoras quanto prejudiciais. Isso acontece porque a aprendizagem está intimamente relacionada à amígdala, uma estrutura cerebral que tem a função crucial de integrar as emoções durante o processo de aprendizagem. Ela está envolvida em atribuir significado emocional aos estímulos e eventos que ocorrem durante o aprendizado.
Emoções positivas, como alegria e entusiasmo, aumentam a atividade da amígdala e podem promover um estado emocional favorável para a aprendizagem, como maior atenção e motivação. Estudos conduzidos por Cosenza e Guerra (2011) sugerem que emoções positivas estimulam a liberação de dopamina, um neurotransmissor associado à motivação e ao prazer. Esse aumento de dopamina pode fortalecer as conexões sinápticas envolvidas na consolidação da memória, facilitando a retenção do conteúdo aprendido.
Por outro lado, emoções negativas, como ansiedade e medo, podem afetar negativamente o processo de aprendizagem. O estresse causado por emoções negativas pode levar à liberação de cortisol, um hormônio relacionado à resposta de “luta ou fuga”, que pode desviar a atenção, prejudicar a formação de novas memórias e inibir a concentração dos alunos. De acordo com Ivan Izquierdo (2018), altos níveis de cortisol podem prejudicar a plasticidade sináptica e reduzir a capacidade de aprendizagem.
Um exemplo prático da influência das emoções na aprendizagem pode ser observado em estudantes que estão sendo submetidos a provas importantes. Alunos que enfrentam ansiedade excessiva podem ter dificuldades para recuperar informações que foram bem assimiladas durante o estudo. A sobrecarga emocional pode prejudicar o acesso às informações armazenadas na memória de longo prazo, resultando em um desempenho abaixo do esperado.
Em compensação, um aluno em um ambiente acolhedor e inspirador terá mais motivação durante a aprendizagem e maior possibilidade de construção de memória de longo prazo. Integrar elementos emocionais relevantes ao conteúdo do ensino pode tornar a aprendizagem mais significativa e envolvente. Ao estabelecer conexões entre os aspectos emocionais do conteúdo e a experiência pessoal dos alunos, pode-se aumentar o interesse e a motivação para aprender.
Resumindo, a neurociência da educação tem revelado que emoções desempenham um papel significativo na aprendizagem. Emoções positivas podem melhorar o processo de consolidação da memória, enquanto emoções negativas podem prejudicar a capacidade de concentração e a retenção do conhecimento.
Professores e educadores podem se beneficiar dessa compreensão, criando um ambiente de aprendizagem positivo e acolhedor, incentivando emoções positivas (entusiasmo, curiosidade, envolvimento, desafio) e evitando as emoções negativas (ansiedade, apatia, medo, frustração) associadas ao processo de ensino e aprendizagem.
A compreensão da influência das emoções na aprendizagem pode ajudar a desenvolver estratégias pedagógicas que favoreçam uma experiência de aprendizagem mais significativa e eficiente para os aprendizes. A mudança na educação começa por priorizar a construção de um ambiente onde o prazer pela aprendizagem é a mola propulsora do conhecimento.
Por Juliana Resende
Referências:
Memória. Iván Izquierdo. Artmed, 2018.
Neurociência e Educação: Como o cérebro aprende. Ramon M. Cosenza, Leonor B. Guerra. Artmed, 2011.